Meus poemas (2000 a 2009)


AUSÊNCIA

Quando passaste por mim?
Quando te encontrei?
Estava eu sonhando? Sonhava acordado?
Numa realidade sempre diversa, eras tu...? Eras tu que me amavas?
Onde eu estava? Onde eu estava que não vi a tua dor?
A tua dor agora é minha... minha solidão, tua ausência.
Onde estava eu quando passaste por mim?
12 de outubro de 2009





Do sucesso

Desejar o sucesso é, quase sempre, para mim, fonte de tristeza e dor, porque, de uma forma ou de outra, eu vou me magoar. Por isso, hoje, eu apenas quero viver o momento, estar presente no que eu vivo agora.
E qualquer hora dessas, poderei olhar para o céu e ter a certeza de que, algum dia, de alguma forma, eu serei completa.
14 de outubro de 2009



Oração

Vós sois meu Deus, meu refúgio, minha cidadela.
Quando estou contigo,
nada pode me perturbar,
nada pode me tirar a paz.
Quando estou contigo é
que posso estar comigo, me aceitar como sou,
suportar-me.
Lá onde eu mesma me abandono,
Tu jamais me abandonas.
Eu vos amo, Senhor meu Deus.
 16 de outubro de 2009, dia do ano da graça do Senhor.


Oh, God

Here I am, God
You are the way
and everything will be fine
You are the light in my eyes
My name has value because
it’s written on your right hand.
Oh God, our live,
You are the true that I need
Your voice talk to my heart
In silence
we are one
Oh God, dear dad,
stay beside me 
cause the night is coming
1º de dezembro de 2009



TU MESMO

Tu mesmo me deste a conhecer-te
Tu mesmo foste a fonte de minha inspiração
Tu mesmo te manifestaste a mim
Tu mesmo me deste de beber
Tu mesmo me fizeste sonhar com a nova aurora
Tu mesmo me arrebataste aos teus braços como outrora, quando me tecias no seio de minha mãe.
Tu mesmo me escolheste para ser luz.
Tu mesmo me deste asas ao me cobrires com as tuas
Tu mesmo me tiraste a venda dos olhos para que eu não mais andasse como em trevas.
Tu mesmo que me fazes existir,
tu mesmo que tudo me deste,
tu mesmo que tudo dispões, me fazes agora ir por outros caminhos, e por tudo isso, glórias a ti, bendito seja teu Santo Nome nos seus anjos e nos seus santos e por todo o universo eternamente.
22 de novembro de 2006





O MURO
Um moço bem nutrido
Uma mulher robusta
Um filho feliz, corado
Um carro zero do lado
Uma linda casa de condomínio
Três alegres sorrisos de creme dental ultra flúor branqueador importado,
Escovados com cerdas anatômicas


Um moço maltrapilho, barbudo, desnutrido
Uma mulher magricela de seu lado
Um filho triste, descorado
Uma carrocinha de lixo reciclável,
no desespero catado
Um viaduto à espera
Três sorrisos desnudos de dentes cariados,
sem fórmulas biotônicas.


Duas realidades e um muro
Apenas um muro.


Ethel Mônica
9 de junho de 2005


PÃO ÁZIMO 

Toque-me o pão, 

o pão que falta na mesa do irmão. 

Toque-me o pão 

que me presentearam às vésperas do Natal. 

Toque-me o doce sabor do pão, 

para que eu não esqueça de reparti-lo. 

Toque-me o pão sem recheio, 

sem fermento, sem doçura, 

mas cheio de Graça. 

Toque-me o pão profundo do perdão, 

da caridade, do amor, 

da esperança de pão nas bocas do mundo inteiro. 

Toque-me a divina presença 

no pão nosso de cada dia. 

Toque-me a alegria do pão ázimo que muitos não têm. 

Toque-me o pão para além de mim mesma. 

Toque-me a mão que parte o pão. 

Toque-me o pão, 

para que isso não passe em vão. 

Toque-me o pão da vida.


Ethel Mônica  
Domingo, 21 de novembro de 2004


No quintal de nossa casa

No quintal da nossa casa 
pintamos e bordamos o 7
No quintal da nossa casa.
Lá, nosso parque de diversões.
Nós, meninos reis.
Lá, céu na terra, paraíso dos anjos.
Sim, éramos anjos livres
e nosso quintal era o centro do universo.
Fomos heróis de bang-bang,
exímios jogadores de bolas de gude
e pilotos automobilísticos, ases vorazes da velocidade
em pistinhas de areia,
ricos empresários montadores de carros de lata,
famosos músicos de banda de sucata,
perfeitos jogadores de futebol de botão e pingue-pongue,
animados carnavalescos em chuvas de confetes.
Lá, em nosso pedaço do céu, anjos maiores vigiavam
sem se deixar notar: nossos pais.
Por permissão de Deus, foram eles que abriram, da forma mais segura, as portas do quintal para a Terra.
Lá, nosso laboratório para a vida.
No quintal da nossa casa fomos felizes sem saber.
Felicidade era o nome do nosso quintal.
Quantas histórias tem para contar, quintal de nossa vida!
Quanta vida, quintal de nossa casa!

Ethel Mônica
21 de junho de 2003




Ocaso

A proximidade da noite: ocaso. 
Nuvens sem fim acaso 
olham pra mim? 
O mar infindo se agiganta. 
Será que me abraça ou me ameaça, 
mostrando como sou criança? 
A vida vibra serenamente. 
O mar transborda nos olhos meus 
ao sentir intensamente 
A grandiosa obra de Deus. 
A esperança dança assim, 
no ar, no mar, em mim.


12 de novembro de 2001 





OLHOS DA GUERRA 

A miséria humana exposta,
nua, crua.
Anos de exposição à dor, ao lamento, à fome, à guerra.
O que isso pode causar ao menino que, se viver, tornar-se-á homem?
Quem tem as respostas para a
crueldade humana?
A carne rasgada doerá menos
que o espírito estraçalhado?
Quem sabe?
Talvez aqueles que só têm
olhos de tanta fome,
olhos que vêem tudo à flor
da pele…
olhos inconfundíveis…
janelas de grandes almas…
olhos dos que teimam em não
deixar morrer a esperança. 


21 de outubro de 2001